Lista das Principais Doenças na Coluna Causadas pelo Trabalho (2025)

por | fev 10, 2025

Dores na coluna por causa do trabalho? Você não está sozinho.

Atividades repetitivas, má postura e falta de ergonomia estão entre as principais causas de doenças na coluna causadas pelo trabalho.

Mas será que qualquer dor nas costas pode ser considerada uma doença ocupacional?

Nem sempre.

Algumas doenças são oficialmente reconhecidas como relacionadas ao trabalho. Isso não significa que qualquer diagnóstico será automaticamente enquadrado dessa forma.

Neste artigo, você vai conhecer as principais doenças na coluna causadas pelo trabalho e entender como funciona o processo para que elas sejam reconhecidas como doenças ocupacionais.

Vamos direto ao ponto? 👇

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2 – Principais doenças na coluna relacionadas ao trabalho

A coluna é uma das partes do corpo mais afetadas pelo trabalho, principalmente quando há posturas inadequadas, movimentos repetitivos e esforço físico excessivo.

Para identificar quais doenças na coluna causadas pelo trabalho são oficialmente reconhecidas, existem duas listas:

Agora, vamos ver cada uma dessas doenças e entender como elas podem estar relacionadas ao trabalho.

2.1 Doenças listadas no Anexo II do Regulamento da Previdência Social

O Anexo II do Decreto 3.048/1999, que regulamenta a Previdência Social, reconhece algumas doenças na coluna causadas pelo trabalho como ocupacionais.

No entanto, estar nessa lista não garante automaticamente o reconhecimento da doença como ocupacional.

Para isso, é necessário comprovar que a atividade profissional contribuiu para o surgimento ou agravamento do quadro.

Entre as principais doenças reconhecidas pelo Anexo II, estão:

Síndrome Cervicobraquial (CID M53.1)

A Síndrome Cervicobraquial é uma condição que afeta os nervos na região do pescoço e dos ombros.

Ela pode causar dor intensa, formigamento e até perda de força nos braços.

Trabalhadores que utilizam ferramentas vibratórias, como britadeiras e marteletes, são os mais afetados, já que a exposição contínua à vibração pode comprometer os nervos da cervical.

📌 Segundo o Anexo II do Regulamento da Previdência Social, essa doença pode estar relacionada à exposição constante a vibração no ambiente de trabalho.

Cervicalgia (CID M54.2)

A cervicalgia é a famosa dor crônica no pescoço.

Profissionais que passam muitas horas inclinados para frente, como quem trabalha no computador sem um bom suporte ergonômico, estão mais propensos a desenvolver esse problema.

Com o tempo, a dor pode se tornar persistente, limitando os movimentos e afetando a produtividade no trabalho.

📌 Segundo o Anexo II do Regulamento da Previdência Social, a cervicalgia pode ser causada por posições forçadas, gestos repetitivos e ritmo de trabalho intenso.

Ciática (CID M54.3)

A ciática acontece quando o nervo ciático – que vai da parte inferior da coluna até os pés – fica inflamado.

Isso pode gerar dores intensas na lombar, que se espalham para as pernas, acompanhadas de formigamento e sensação de queimação.

Profissionais que ficam longos períodos sentados sem apoio adequado ou que levantam objetos pesados frequentemente estão entre os mais afetados.

📌 Segundo o Anexo II do Regulamento da Previdência Social, a ciática pode ser desencadeada por posições forçadas, gestos repetitivos e esforço físico excessivo no trabalho.

Lumbago com ciática (CID M54.4)

O lumbago com ciática é uma condição mais grave, pois combina a dor lombar com a inflamação do nervo ciático.

Além de limitar movimentos, pode tornar atividades simples, como ficar em pé ou caminhar, extremamente dolorosas.

Esse problema costuma afetar trabalhadores que realizam esforços físicos constantes, como carregadores e operários da construção civil.

📌 Segundo o Anexo II do Regulamento da Previdência Social, o lumbago com ciática pode estar ligado a posturas forçadas, levantamento excessivo de peso e ritmos intensos de trabalho.

2.2 Doenças incluídas na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT)

A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) foi atualizada em 2023 e ampliou o número de doenças na coluna causadas pelo trabalho oficialmente reconhecidas.

Embora as doenças incluídas na LDRT tenham um forte indicativo de relação com a atividade profissional, isso não significa que o reconhecimento será automático.

Assim como ocorre com as doenças do Anexo II, o trabalhador precisa apresentar documentos que comprovem essa conexão.

Entre as doenças listadas na LDRT, destacam-se:

Hérnia de disco cervical

A hérnia de disco cervical ocorre quando um dos discos que ficam entre as vértebras do pescoço se desgasta e começa a pressionar os nervos.

Isso pode causar dores fortes, limitações nos movimentos e até dormência nos braços.

Profissões que exigem esforço repetitivo com os braços ou longas jornadas em posições inadequadas aumentam o risco desse problema.

📌 Segundo a LDRT, a hérnia de disco cervical pode estar relacionada ao esforço repetitivo e à falta de ergonomia no ambiente de trabalho.

Hérnia de disco lombar

Já a hérnia de disco lombar afeta a parte inferior da coluna e é bastante comum em trabalhadores que precisam levantar peso frequentemente ou realizar movimentos repetitivos que forçam a lombar.

A dor pode ser intensa e, em alguns casos, pode até prejudicar a locomoção.

📌 Segundo a LDRT, a hérnia de disco lombar pode ser causada por esforços físicos intensos e movimentos repetitivos sem apoio ergonômico adequado.

📌 Importante: O fato de uma doença estar listada oficialmente não significa que ela será automaticamente reconhecida como uma doença do trabalho. Para isso, é necessário comprovar que o problema foi causado ou agravado pela atividade profissional.

3 – Como identificar se a sua doença na coluna está ligada ao trabalho

Nem toda dor na coluna será automaticamente considerada uma doença ocupacional.

Para que sua condição seja reconhecida como uma das doenças na coluna causadas pelo trabalho, é necessário seguir alguns passos:

1️⃣ Obter um diagnóstico médico com o código da CID.

2️⃣ Verificar se sua doença está na LDRT.

3️⃣ Avaliar as condições do seu ambiente de trabalho.

4️⃣ Analisar outros fatores que podem ter influenciado a doença.

5️⃣ Buscar o CEREST para uma análise profissional.

6️⃣ Consultar um advogado especializado, caso seus direitos não estejam sendo respeitados.

A seguir detalho cada um deles:

1º Passo: Obter o diagnóstico médico

O primeiro passo para identificar uma possível doença ocupacional é procurar um médico.

Somente um profissional de saúde pode fornecer um diagnóstico preciso, informando exatamente qual é a doença e registrando o código da CID (Classificação Internacional de Doenças).

Com esse diagnóstico em mãos, você poderá investigar se sua condição de saúde tem relação com o trabalho.

2º Passo: Conferir se sua doença está na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT)

A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) é um documento oficial que indica quais doenças podem ser consideradas ocupacionais.

Você pode pesquisá-la no Google ou acessá-la diretamente neste link:

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-1.999-de-27-de-novembro-de-2023-526629116

Dentro da lista, você pode buscar pelo código da CID fornecido pelo seu médico e verificar se sua doença está catalogada.

⚠️ Atenção: O fato de sua doença estar na LDRT não significa que ela será automaticamente reconhecida como ocupacional. Essa lista apenas indica que existe uma possível relação entre essa doença e o trabalho, mas é necessário avaliar outros fatores.

3º Passo: Avaliar as condições do seu ambiente de trabalho

Além de estar na LDRT, a doença precisa estar relacionada às atividades e condições do seu ambiente de trabalho.

Para isso, faça uma análise da sua rotina e responda a estas perguntas:

Os riscos ligados a essa doença estão presentes no seu trabalho?

Você realiza atividades que exigem esforço repetitivo, posturas forçadas ou levantamento de peso?

Há falta de ergonomia no seu ambiente de trabalho?

💡 Exemplo prático: imagine que você desenvolveu uma hérnia de disco lombar. Ao consultar a LDRT, você percebe que essa doença pode estar relacionada a movimentos repetitivos, levantamento de peso e posturas inadequadas.

Agora, pense na sua rotina: se você trabalha como estoquista em um armazém, por exemplo, passa o dia levantando caixas pesadas, se abaixando repetidamente e fazendo esforço na região lombar. Com o tempo, esses movimentos podem desgastar os discos da coluna e agravar o problema.

Nesse caso, sua atividade profissional pode ser a causa ou um fator agravante da doença.

Se sua doença está na lista e os riscos ocupacionais estão presentes no seu ambiente de trabalho, há grandes chances de que o problema seja considerado ocupacional.

4º Passo: Analisar outros fatores que podem ter influenciado a doença

Mesmo que sua doença tenha surgido enquanto você trabalhava, isso não significa necessariamente que ela foi causada pelo trabalho.

Outros fatores podem influenciar o desenvolvimento da condição.

Algumas perguntas que podem ajudar nessa análise:

🔹Você tem histórico familiar da doença? Algumas doenças têm predisposição genética.

🔹Seus hábitos podem ter contribuído? Sedentarismo, alimentação ruim ou tabagismo podem agravar problemas de saúde.

🔹O problema poderia surgir mesmo sem relação com o trabalho? Algumas doenças aparecem naturalmente com a idade.

🔹Você já teve essa doença antes? Se o trabalho piorou sua condição pré-existente, ele pode ser considerado uma “concausa” do problema.

Se o trabalho não causou a doença, mas agravou ou acelerou seu desenvolvimento, ele pode ser considerado um fator contribuinte (concausa).

E isso também pode gerar direito ao reconhecimento da doença como ocupacional.

💡 Exemplo prático: suponha que você trabalha em um armazém e desenvolveu dores na lombar. Agora, avalie outros fatores:

  • Histórico familiar: pessoas na sua família já tiveram esse problema?
  • Hábitos pessoais: você pratica exercícios físicos ou tem uma rotina sedentária?
  • Tempo no trabalho: se você está nesse emprego há apenas dois meses, é improvável que a doença tenha sido causada pelo trabalho. Mas se já está lá há 10 anos, a relação pode ser mais evidente.

5º Passo: Procurar o CEREST para uma análise profissional

Após identificar os sinais e refletir sobre os fatores relacionados à sua doença, o próximo passo é buscar uma avaliação profissional imparcial.

O CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) é um órgão do SUS especializado em doenças ocupacionais.

Ele pode realizar uma análise técnica detalhada para verificar se sua doença tem relação com o trabalho.

Para encontrar o CEREST mais próximo:
✔️ Pesquise no Google por “CEREST + [nome da sua cidade ou estado]”.
✔️ Consulte a Secretaria de Saúde do seu município.
✔️ Ligue para o SUS pelo número 136.

Se sua cidade não tiver um CEREST, procure a unidade mais próxima.

📌 Por que o laudo do CEREST é tão importante?

  • Ele tem presunção de veracidade, ou seja, é considerado válido até que se prove o contrário.
  • Pode ser usado como prova no INSS ou na Justiça para garantir seus direitos.
  • A análise é feita por uma equipe multiprofissional, que pode até visitar sua empresa para avaliar as condições de trabalho.

6º Passo: Consultar um advogado especializado

Se, após seguir todos esses passos, você identificar que sua doença tem forte relação com o trabalho, é hora de buscar um advogado.

Esse profissional pode orientar sobre:

Direitos trabalhistas e previdenciários.

Processos contra a empresa em caso de negligência.

Benefícios do INSS, como auxílio-doença acidentário e aposentadoria por invalidez.

Para escolher um bom advogado, recomendo que:

✔️ Busque referências com colegas ou na internet.

✔️ Verifique a experiência do profissional com casos de doenças ocupacionais.

✔️ Converse antes de contratar, para entender se ele realmente pode atender sua necessidade.

📌 Para te ajudar nessa escolha, recomendo este vídeo: Como escolher um advogado especializado

4 – Quem define se a doença na coluna será reconhecida como doença do trabalho?

Mesmo que sua doença esteja na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) ou no Anexo II do Regulamento da Previdência Social, isso não significa que ela será automaticamente reconhecida como uma doença ocupacional.

O reconhecimento das doenças na coluna causadas pelo trabalho pode ser feito por dois órgãos principais:

📌 O INSS, que analisa pedidos de benefícios previdenciários.

📌 A Justiça do Trabalho, que pode responsabilizar a empresa.

Em ambos os casos, a perícia médica é fundamental para comprovar a relação entre a doença e o trabalho.

Vamos entender como isso funciona na prática.

4.1 O papel do INSS no reconhecimento da doença ocupacional

Quando um trabalhador precisa se afastar por mais de 15 dias, ele deve solicitar um benefício por incapacidade junto ao INSS.

Para isso, passará por uma perícia médica, onde o perito do INSS analisará:

✅ O diagnóstico médico e os exames apresentados.

✅ A relação entre a doença e as atividades desempenhadas no trabalho.

✅ Se a condição gera incapacidade para o trabalho.

Se o INSS reconhecer que a doença tem relação direta com o trabalho, ele concederá o auxílio-doença acidentário (B91).

Esse benefício garante ao trabalhador alguns direitos específicos, como estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno e a contagem do tempo afastado como período especial para aposentadoria.

💡 Atenção:

O INSS pode negar o benefício acidentário e conceder apenas o auxílio-doença comum (B31), que não reconhece a doença como ocupacional.

Se isso acontecer, o trabalhador pode recorrer da decisão ou buscar o reconhecimento na Justiça.

4.2 O papel da Justiça do Trabalho na responsabilização da empresa

Se a doença na coluna foi causada ou agravada pelas condições de trabalho, a empresa pode ser responsabilizada judicialmente.

Mas, para isso, é preciso entrar com uma ação na Justiça do Trabalho.

Nessa ação, o juiz analisará:

📌 As provas apresentadas, como exames médicos, laudos, testemunhas e documentos internos da empresa.

📌 A existência de nexo causal, ou seja, se há relação entre a doença e o trabalho.

📌 A responsabilidade da empresa, considerando se houve negligência na prevenção do problema.

Além da análise documental, o juiz nomeará um perito médico de sua confiança para te examinar e avaliar a sua documentação.

Esse perito fará uma perícia judicial, que é um exame detalhado para determinar:

✔️Se você realmente tem a doença diagnosticada.

✔️Se essa doença tem relação com as atividades exercidas no trabalho.

✔️Se a condição causou ou ainda causa algum grau de incapacidade.

Caso a Justiça reconheça que a empresa teve culpa ou contribuiu para o agravamento da doença, o trabalhador pode ter direito a:

✔️ Indenização por danos morais e materiais.
✔️ Pagamento de despesas médicas e reabilitação.
✔️ Pensão vitalícia, caso a doença gere incapacidade permanente.

Para conhecer melhor os seus direitos, eu recomendo conferir: 12 Melhores direitos de quem tem uma Doença Ocupacional

📌 O laudo pericial é um dos documentos mais importantes no processo, pois influencia diretamente a decisão do juiz.

Se o perito confirmar o nexo entre a doença e o trabalho, as chances de o trabalhador conseguir uma indenização ou outro direito aumentam significativamente.

4.3 O INSS e a Justiça do Trabalho podem ter decisões diferentes

É importante entender que o INSS e a Justiça do Trabalho são independentes.

Isso significa que:

🔹O INSS pode não reconhecer a doença como ocupacional, mas a Justiça do Trabalho pode entender que há relação com o trabalho e condenar a empresa.

🔹O contrário também pode acontecer: o INSS pode conceder o auxílio-doença acidentário (B91), mas a Justiça pode não responsabilizar a empresa.

Por isso, quanto mais provas o trabalhador tiver, maiores são as chances de reconhecimento da doença ocupacional.

📌 Resumo dos principais pontos:

✅ O INSS decide sobre benefícios previdenciários e pode conceder o auxílio-doença acidentário (B91).

✅ A Justiça do Trabalho avalia se a empresa teve culpa e pode determinar indenizações.

A perícia médica judicial é essencial no processo, pois o laudo do perito pode influenciar diretamente a decisão do juiz.

✅ As decisões do INSS e da Justiça do Trabalho não são vinculadas, podendo ser diferentes.

5 – Conclusão

As doenças na coluna causadas pelo trabalho afetam milhares de trabalhadores e podem gerar incapacidade, afastamento e até necessidade de indenizações.

Neste artigo, vimos:

Quais são as principais doenças na coluna relacionadas ao trabalho, incluindo as listadas no Anexo II do Regulamento da Previdência Social e na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT).

Como identificar se sua doença tem relação com o trabalho, analisando o diagnóstico, a LDRT e as condições do ambiente profissional.

Quem define se a doença será reconhecida como ocupacional, com o papel do INSS e da Justiça do Trabalho, além da importância da perícia médica.

Se você suspeita que sua doença na coluna foi causada ou agravada pelo trabalho, não ignore os sinais.

Aqui estão alguns passos essenciais:

  1. Busque atendimento médico e obtenha um diagnóstico claro.
  2. Verifique se sua doença está na LDRT e analise os riscos no seu ambiente de trabalho.
  3. Reúna provas, como exames médicos, fotos do local de trabalho e depoimentos de colegas.
  4. Procure o CEREST, que pode ajudar na comprovação do nexo entre a doença e o trabalho.
    Caso necessário, consulte um advogado especializado para garantir seus direitos na Justiça.

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Allan Manoel

Allan Manoel

(OAB/CE 40.071)

Advogado Especialista em doenças e acidentes de trabalho. Não começa o dia sem um cafezinho filtrado. Ama tecnologia e séries.

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