Como funciona o enquadramento do burnout como acidente de trabalho

por | fev 17, 2025

YouTube video

Aqui você vai entender quando e como a Síndrome de Burnout é considerada Acidente de Trabalho pela Justiça.

Esqueça as notícias rasas e sem fundamento que circulam por aí.

Este conteúdo vai direto ao ponto, explicando exatamente o que diz a Lei, como ela é aplicada, e ainda traz exemplos reais para você compreender como isso funciona na prática.

Você vai saber exatamente como as coisas acontecem na vida real, com quem lida com isso todos os dias.

Se você procura apenas respostas rasas e afirmações vazias, este conteúdo definitivamente não é para você.

Por outro lado, se você quer entender a fundo sobre a Síndrome de Burnout e o enquadramento dela como Acidente de Trabalho, é só vir comigo 👇

1 – O que é a síndrome de burnout e como ela afeta o trabalhador

O burnout não é apenas um cansaço comum ou uma fase difícil no trabalho.

Ele é uma síndrome grave, causada por situações de estresse prolongado e constante no ambiente profissional.

Com a CID-11, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como um fenômeno exclusivamente ocupacional, deixando claro que ele está diretamente ligado às condições de trabalho:

OMS conceito de Burnout

Mas, mesmo antes disso, a legislação brasileira já enquadrava o burnout como uma doença relacionada ao trabalho desde 1999.

Agora, pare um momento para pensar em como o trabalho tem afetado sua vida.

Talvez você esteja enfrentando metas inalcançáveis, pressão excessiva, ou a sensação de que nunca faz o suficiente.

Esses fatores não só minam sua energia como também podem desencadear problemas graves de saúde, como ansiedade, depressão, hipertensão e até doenças cardíacas.

O burnout não é fraqueza, muito menos frescura.

A Síndrome de Burnout é um sinal de que seu corpo e sua mente chegaram ao limite. Ignorar isso pode ter consequências sérias.

Por isso, entender o burnout e identificar seus sintomas é um passo essencial para buscar a recuperação e proteger sua saúde.

Burnout: Síndrome ou Doença?

Muita gente se pergunta: o burnout é uma síndrome ou uma doença?

A resposta pode parecer confusa, mas é simples.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o burnout como uma síndrome ocupacional, ou seja, um conjunto de sintomas decorrentes do estresse crônico no trabalho.

No entanto, para a legislação trabalhista brasileira, o burnout já é reconhecido como uma doença ocupacional desde 1999.

Isso significa que, no Brasil, ele pode ser enquadrado como uma doença do trabalho, garantindo ao trabalhador direitos previdenciários e trabalhistas.

Ou seja, o burnout é uma síndrome no aspecto médico, mas uma doença no aspecto legal.

Isso é essencial para entender quando ele pode ser reconhecido como um acidente de trabalho e quais direitos você pode ter.

Agora que esclarecemos essa questão, vamos aprofundar o que é o burnout e como ele afeta a sua saúde.

Sintomas do burnout: como identificar no dia a dia.

Reconhecer o burnout exige atenção, pois ele não se limita a um simples cansaço.

Ele se manifesta em três principais dimensões que afetam corpo, mente e comportamento:

  1. Exaustão emocional;
  2. Despersonalização;
  3. Baixa realização profissional.

Para que um quadro de esgotamento profissional seja diagnosticado, é fundamental que essas três dimensões estejam presentes.

1. Exaustão emocional

A exaustão emocional é o alicerce do burnout.

É quando suas energias parecem completamente drenadas, a ponto de você sentir que está funcionando apenas no automático.

Mesmo descansando, a sensação de cansaço persiste, afetando corpo e mente.

Como isso se manifesta?

  • Sensação constante de estar “no limite”.
  • Dificuldade em iniciar tarefas ou manter o foco.
  • Sono que nunca parece suficiente, por mais que você descanse.

Atenção: a exaustão emocional, sozinha, não configura burnout. Ela é apenas um dos pilares do diagnóstico.

2. Despersonalização

Aqui, você começa a se desconectar emocionalmente do trabalho e das pessoas ao seu redor.

É como se você se tornasse indiferente às situações que antes despertavam empatia ou engajamento.

Você não liga mais para os clientes, para os colegas de trabalho.

Um exemplo clássico são os profissionais da saúde, que podem se tornar insensíveis a situações de morte ou acidentes após enfrentarem essas circunstâncias repetidamente.

Você entra em um distanciamento, que muitas vezes é visto como frieza ou apatia.

Sinais de despersonalização no dia a dia:

  • Atitudes cínicas ou irritadas com colegas de trabalho.
  • Evitar interações sociais, tanto no ambiente profissional quanto fora dele.
  • Sensação de estar “no piloto automático”, apenas cumprindo obrigações.

É nessa fase que o burnout começa a impactar diretamente sua produtividade e qualidade de entrega.

3. Baixa realização pessoal

Com a despersonalização, vem também a falta de realização profissional.

É uma verdadeira sensação de fracasso profissional.

Você começa a pensar em desistir da profissão que tanto sonhou.

Após tanto tempo lutando para conquistar seu cargo, a sua posição profissional, você se pergunta:

“Será que estou no lugar certo?”

É comum surgir uma sensação de fracasso ou inutilidade, mesmo em tarefas rotineiras.

No dia a dia, isso pode parecer:

  • Sentir que nada do que você faz é bom o suficiente.
  • Perder o interesse por conquistas ou desafios profissionais.
  • Ter dificuldade em encontrar propósito ou satisfação no trabalho.

Se você se reconhece nessas dimensões, é essencial buscar ajuda especializada.

Um psiquiatra e um psicólogo serão fundamentais para ajudar na sua recuperação e também para fornecer a documentação necessária, caso seja preciso comprovar os impactos do burnout no trabalho.

Lembre-se: reconhecer o problema é um ato de coragem e o primeiro passo para retomar sua saúde e bem-estar. CNPJ nenhum vale a sua saúde mental!

2 – Burnout pode ser considerado acidente de trabalho?

Sim, o burnout pode ser reconhecido como acidente de trabalho, mas isso não acontece de forma automática.

O que vemos hoje em dia são inúmeras notícias, artigos e conteúdos afirmando com todas as letras:
“BURNOUT É ACIDENTE DE TRABALHO!”

Infelizmente, essas afirmações acabam gerando falsas expectativas.

A verdade é que, sim, o burnout pode ser considerado acidente de trabalho, mas há um caminho a ser percorrido – muitas vezes árduo – para que isso seja reconhecido oficialmente.

No próximo tópico, você vai descobrir exatamente o que a lei diz sobre a Síndrome de Burnout e como a Justiça enxerga esse problema.

3 – O que a lei e a Justiça dizem sobre o burnout no trabalho?

Se você já leu em algum lugar que “burnout é acidente de trabalho”, saiba que essa afirmação não é tão simples assim.

O burnout pode ser reconhecido como acidente de trabalho, mas não acontece automaticamente.

Para que esse enquadramento seja feito, é necessário comprovar que o burnout foi causado ou agravado pelas condições do trabalho.

A base legal para esse reconhecimento está em duas leis principais:

📌 Artigo 20 da Lei nº 8.213/91

Essa lei estabelece que doenças ligadas ao ambiente de trabalho podem ser equiparadas a um acidente de trabalho.

Isso significa que, se o burnout foi causado pelo seu trabalho, ele pode garantir os mesmos direitos que qualquer outro acidente ocupacional.

Acesse aqui a Lei nº 8.213/91

📌 Anexo II da Lista B do Decreto 3.048/1999
Esse decreto vai além e inclui o burnout na lista oficial de doenças relacionadas ao trabalho, dentro da categoria de transtornos mentais e do comportamento ocupacionais.

Acesse aqui o Anexo II do Decreto 3.048/99

Burnout e a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT)

Além dessas leis, o burnout também aparece na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), publicada pelo Ministério da Saúde.

Essa lista não tem força de lei, mas funciona como uma referência técnica utilizada por médicos, peritos, empresas e até pela Justiça para avaliar casos de doenças ocupacionais.

O burnout está incluído na LDRT ao lado de outros transtornos psicológicos de origem ocupacional, como:

A inclusão do burnout na LDRT fortalece seu reconhecimento como uma doença ocupacional, tornando sua comprovação mais sólida em processos administrativos e judiciais.

4 – Quais são os critérios para reconhecer o burnout como acidente de trabalho?

O burnout pode ser uma doença ocupacional, o que significa que, nesses casos, ele será equiparado a um acidente de trabalho.

Mas, como já explicamos ao longo deste conteúdo, esse reconhecimento não acontece automaticamente.

Para que o burnout seja considerado um acidente de trabalho, ele precisa atender a alguns critérios legais e técnicos, sendo o principal deles a comprovação do nexo causal — ou seja, a relação entre o burnout e as condições do trabalho.

O processo de reconhecimento do burnout como acidente de trabalho pode ser dividido em 4 passos essenciais:

1º Passo: Diagnóstico médico

O primeiro passo para reconhecer o burnout como acidente de trabalho é ter um diagnóstico formal, emitido por um médico psiquiatra.

Em relação à documentação médica, os três documentos mais importantes são:

Atestados médicos: documento mais simples e objetivo, que indica o código da CID-10 (Z73.0) ou CID-11 (QD85), descreve os sintomas e determina o tempo necessário de afastamento.

Relatório médico: Mais detalhado, pode conter:

✔ As possíveis causas do adoecimento.

✔ O motivo pelo qual o afastamento é necessário.

✔ Os tratamentos indicados, como uso de medicamentos.

Prontuário médico: O documento mais importante, pois registra toda a evolução clínica ao longo do tratamento.

Ele é uma prova essencial para demonstrar que o burnout tem relação com o ambiente de trabalho.

📌 Dica importante: independentemente do documento utilizado, ele deve incluir o código da CID-10 (Z73.0) ou CID-11 (QD85). Isso reforça o reconhecimento oficial do burnout como doença ocupacional.

2º Passo: Identificar os riscos no ambiente de trabalho

Ter um diagnóstico não é suficiente.

Você precisa demonstrar que o ambiente de trabalho foi o principal fator para o seu esgotamento.

Para isso, é essencial identificar os riscos ocupacionais que contribuíram para o seu adoecimento.

O burnout, assim como outros transtornos mentais relacionados ao trabalho, surge quando você é exposto de forma prolongada a condições nocivas.

Em algumas profissões, o próprio trabalho já envolve fatores de risco reconhecidos, ou seja, a exposição ao estresse e à sobrecarga é inerente à atividade profissional.

Isso acontece, por exemplo, com:

Médicos e enfermeiros, que lidam diariamente com sofrimento, emergências e risco de morte.

Policiais e bombeiros, que trabalham sob pressão extrema e perigo constante.

Controladores de tráfego aéreo, que precisam manter atenção máxima para evitar acidentes.

Se você exerce uma profissão onde o estresse é parte natural da atividade, o burnout pode ser caracterizado como doença ocupacional de forma mais direta.

Mas se a sua função não se encaixa nesse perfil, então você precisa demonstrar que o seu ambiente de trabalho foi o fator determinante para o seu esgotamento.

Agora, vamos ver os principais fatores de risco e como eles podem ocorrer na prática:

Assédio moral e sexual

Se você sofre humilhações, intimidações ou constrangimentos frequentes no trabalho, isso pode ser um fator determinante para o desenvolvimento do burnout.

O assédio pode vir de chefes, colegas ou até mesmo clientes, criando um ambiente insustentável.

O assédio moral pode acontecer de diversas formas, como cobranças excessivas, exclusão social ou até atribuição de tarefas impossíveis.

Se você enfrenta esse tipo de situação, é importante buscar apoio e entender seus direitos.

🎥 Saiba mais sobre assédio moral nesse vídeo.

📌 Exemplo prático: seu chefe grita com você na frente da equipe por um erro pequeno e ameaça sua demissão repetidamente. Com o tempo, você passa a ter medo constante do ambiente de trabalho e se sente emocionalmente exausto.

Metas elevadas de produtividade

Se sua empresa exige resultados irreais, colocando uma carga de trabalho que ultrapassa os limites humanos, isso pode ser um fator de risco sério.

A cobrança excessiva por metas inalcançáveis gera ansiedade e um sentimento constante de frustração.

Aqui, o mais importante é que as metas sejam elevadas e que você sofra cobranças constantes para atingi-las.

Se você tem metas desafiadoras, mas consegue cumpri-las sem ser pressionado, essa situação não se enquadra como fator de risco para burnout.

📌 Exemplo prático: você trabalha em um call center e precisa atender 100 ligações por dia. Se não atingir a meta, sofre punições ou tem seu nome exposto em um ranking interno.

Forte pressão temporal

Se você precisa lidar com prazos impossíveis, sem margem para erros, sua carga de estresse aumenta significativamente.

Trabalhar sempre no limite do tempo cria uma sensação de urgência constante, que pode levar ao esgotamento.

Assim como no caso das metas elevadas, a questão principal aqui não é apenas ter prazos curtos, mas sim ser cobrado insistentemente para cumpri-los, mesmo quando são impossíveis.

Se há flexibilidade e organização, a situação pode ser desafiadora, mas não necessariamente prejudicial à sua saúde.

📌 Exemplo prático: você é redator em uma agência de publicidade e recebe uma demanda de 10 textos para entregar em um único dia. O prazo apertado gera ansiedade extrema e medo de falhar.

Jornadas de trabalho irregulares

Se o seu horário de trabalho muda constantemente, seu corpo e sua mente não conseguem se adaptar, o que afeta sua saúde.

Trabalhar em turnos de revezamento, por exemplo, pode prejudicar seu sono e gerar um desgaste progressivo.

Se você trabalha em um horário instável e percebe que isso está afetando seu bem-estar, é um sinal de alerta.

O descanso irregular interfere no seu desempenho e pode contribuir diretamente para o desenvolvimento do burnout.

📌 Exemplo prático: você é operador de máquinas e precisa alternar entre turnos da manhã e da noite a cada semana. Essa mudança constante impede que você tenha um horário fixo de descanso, causando insônia, fadiga e problemas de concentração.

Ausência de descanso semanal remunerado (DSR)

Se você não tem folgas regulares, seu corpo nunca consegue se recuperar completamente.

Sem pausas adequadas, a exaustão se acumula e sua produtividade cai, tornando o ambiente de trabalho ainda mais desgastante.

Mesmo que você esteja recebendo pelo tempo trabalhado, a falta de descanso contínua pode se tornar um fator de risco grave.

Sem tempo para relaxar, seu nível de estresse aumenta e sua saúde mental pode ser afetada.

📌 Exemplo prático: Você trabalha como gerente de supermercado e é escalado para trabalhar todos os domingos durante meses, sem receber folgas compensatórias. Aos poucos, começa a sentir um desgaste extremo e a ter crises de ansiedade.

Jornada prolongada

Se você trabalha muitas horas por dia sem pausas adequadas, seu corpo e sua mente não conseguem se recuperar.

O excesso de trabalho causa cansaço extremo, reduz sua capacidade de concentração e pode levar ao burnout.

Lembre-se: a legislação permite até 10 horas de trabalho por dia (8 horas normais + 2 extras).

Se você ultrapassa esse limite frequentemente e sente os impactos na sua saúde, sua carga horária pode ser um fator de risco.

📌 Exemplo prático: Você é advogado e trabalha em um grande escritório, onde faz jornadas de 14 horas diárias. Com o tempo, você desenvolve insônia e começa a ter crises de pânico.

Contradições na forma de trabalho

Se você recebe ordens contraditórias, seu trabalho se torna confuso e frustrante.

Exigências conflitantes geram insegurança e aumentam o nível de estresse.

Se você precisa escolher entre rapidez e qualidade, mas é cobrado pelas duas coisas ao mesmo tempo, isso pode gerar um ambiente desgastante.

A insegurança em relação às expectativas pode levar ao esgotamento.

📌 Exemplo prático: seu chefe pede que você crie um material gráfico de alta qualidade, mas exige que a entrega seja feita em poucas horas. Você sabe que não conseguirá atender ambas as exigências, o que gera um alto nível de ansiedade.

Insegurança no trabalho

Se você vive sob o medo constante de demissão, sua saúde mental pode ser afetada.

A incerteza sobre o futuro profissional gera ansiedade e pode contribuir para o burnout.

A insegurança no trabalho afeta diretamente seu bem-estar emocional.

Se você se sente instável e sem controle sobre sua situação profissional, é importante buscar apoio e avaliar as possibilidades de mudança.

📌 Exemplo prático: sua empresa passou por uma reestruturação e você não sabe se será demitido. Sem transparência da liderança, você passa meses com altos níveis de estresse.

Trabalho com alto nível de estresse

Se sua profissão exige que você lide com situações emocionalmente desgastantes, sua carga mental pode ser ainda maior.

Trabalhar sob pressão extrema, risco de vida ou sofrimento humano pode levar ao burnout.

Se você trabalha em uma área de alto impacto emocional, é essencial buscar formas de equilíbrio.

O suporte psicológico e um ambiente saudável podem fazer toda a diferença para sua saúde mental.

📌 Exemplo prático: você é enfermeiro de UTI e lida diariamente com pacientes em estado grave. Depois de meses nessa rotina, começa a se sentir esgotado e sem motivação.

Por que essa análise é essencial?

Se você quer que o burnout seja reconhecido como acidente de trabalho, precisa demonstrar como as condições da sua função contribuíram para o seu esgotamento.

A Justiça e o INSS avaliam se os riscos no ambiente de trabalho foram determinantes para o seu adoecimento.

Por isso, além dos documentos médicos, é fundamental reunir provas que ajudem a comprovar essa relação.

Veja algumas formas de fortalecer sua argumentação:

Registre sua jornada – se sua carga horária é abusiva, mantenha registros das suas horas trabalhadas, como holerites, mensagens e e-mails da empresa. Você pode utilizar até mesmo o GPS do Google mapas!

Guarde conversas e documentos – se você sofre pressão excessiva, cobranças abusivas ou assédio, salve e-mails, mensagens e comunicados internos que comprovem isso.

Anote eventos importantes – mantenha um diário com datas, situações e impactos que o trabalho teve na sua saúde mental. Isso pode ser usado como base para relatórios médicos e jurídicos.

A forma como você reúne essas provas pode fazer toda a diferença no reconhecimento do burnout como acidente de trabalho.

🎥 Para entender melhor como provar o burnout, confira esse conteúdo:

YouTube video

3º Passo: Buscar um laudo do CEREST

Além do laudo médico e das provas que comprovam a relação entre o burnout e o trabalho, buscar um laudo do CEREST pode ser decisivo para o reconhecimento da doença como acidente de trabalho.

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) é um órgão do SUS especializado em saúde ocupacional.

Ele realiza avaliações técnicas para identificar se uma doença tem origem no trabalho, emitindo laudos que podem ser usados no INSS e na Justiça.

O laudo do CEREST é importante porque:

✅ Tem presunção de veracidade, ou seja, é uma prova oficial e de grande peso jurídico.

✅ Pode comprovar o nexo causal entre o burnout e o seu ambiente de trabalho.

✅ Ajuda a fortalecer seu pedido de afastamento ou indenização caso seja necessário.

✅ O CEREST pode até fazer uma análise do ambiente de trabalho para avaliar as condições que levaram ao adoecimento.

Se você precisa fortalecer a comprovação do burnout como acidente de trabalho, buscar um laudo do CEREST pode ser um grande diferencial para garantir seus direitos.

📌 Como conseguir um laudo do CEREST?

1️⃣ Encontre a unidade mais próxima – Você pode pesquisar no Google “CEREST + [sua cidade]” ou ligar para o SUS no telefone 136.

2️⃣ Agende um atendimento – Explique sua situação e solicite uma avaliação.

3️⃣ Leve seus documentos médicos – Tenha em mãos atestados, exames e laudos médicos que comprovem seu diagnóstico de burnout.

4️⃣ Aguarde a avaliação – Após a análise, o CEREST pode emitir um laudo confirmando a relação entre o burnout e seu trabalho.

4º Passo: Procurar um advogado trabalhista

Mesmo com todas as provas em mãos, fazer valer seus direitos nem sempre é simples.

A maioria das empresas vai se recusar a reconhecer o burnout como acidente de trabalho.

Além disso, o INSS costuma negar benefícios por falta de documentação ou erro na solicitação.

É aí que entra a importância de contar com um advogado trabalhista especializado.

Se você está enfrentando dificuldades para conseguir seu afastamento, receber indenização ou garantir sua estabilidade no emprego, um advogado pode te ajudar a tomar as medidas certas no momento certo.

Muitas pessoas desistem no meio do caminho por não saberem como recorrer ou por não entenderem o que a lei realmente garante.

Além disso, em casos mais graves, como assédio moral, pressão psicológica extrema ou ambiente de trabalho abusivo, o advogado pode orientar sobre a possibilidade de pedir a rescisão indireta.

Se o seu pedido de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez for negado, um advogado também pode entrar com recursos administrativos e judiciais para garantir que você tenha acesso ao benefício.

O importante é não enfrentar essa situação sozinho.

Buscar apoio jurídico pode ser o que falta para que você pare de sofrer no trabalho e consiga focar no que realmente importa: sua saúde e seu bem-estar.

Se você nunca contratou um advogado e não sabe bem como fazer isso, recomendo conferir este vídeo:

YouTube video

5 – O que muda para o trabalhador quando o burnout é reconhecido?

Se você chegou até aqui, já sabe que ter o burnout reconhecido como acidente de trabalho não acontece automaticamente.

Mas a pergunta agora é: o que realmente muda na sua vida se isso acontecer?

A resposta é simples: tudo muda!

Esse reconhecimento não é apenas burocracia, ele pode garantir sua estabilidade no emprego, acesso a benefícios financeiros e, principalmente, tempo e suporte para que você consiga se recuperar.

Se o burnout for reconhecido como doença ocupacional, ele passa a ser tratado como um acidente de trabalho, garantindo a você:

Estabilidade no emprego por 12 meses – após seu retorno ao trabalho, a empresa não pode te demitir sem justa causa por pelo menos um ano. Isso dá segurança para sua recuperação.

Benefícios previdenciários sem prejuízo ao FGTS – se for necessário se afastar do trabalho, você pode receber o auxílio-doença acidentário (B91), e sua empresa continua depositando seu FGTS normalmente.

Indenização por todos os danos causados – se a empresa teve culpa no seu adoecimento (por negligência, abuso ou assédio), você pode entrar com uma ação para pedir indenização por danos morais, materiais e até estéticos.

Rescisão indireta – se seu ambiente de trabalho for tóxico ou insustentável, você pode pedir a rescisão indireta, ou seja, sair da empresa com todos os seus direitos, como se tivesse sido demitido sem justa causa.

Aposentadoria integral em caso de incapacidade permanente – se o burnout impedir que você volte a trabalhar, você pode ter direito à aposentadoria por invalidez acidentária, que paga 100% da sua média salarial.

Reembolso pelas despesas com o seu tratamento – caso fique comprovado que seu burnout foi causado pelo trabalho, a empresa pode ser obrigada a reembolsar todos os gastos médicos relacionados, incluindo consultas, medicamentos e terapias.

Burnout não é frescura e não melhora sozinho.

Se você não tiver o tempo e o suporte certo para se recuperar, a situação pode piorar e afetar ainda mais sua vida profissional e pessoal.

O reconhecimento do burnout como acidente de trabalho garante que você tenha o direito de cuidar da sua saúde sem medo de perder o emprego ou ficar sem renda.

Para se aprofundar nos direitos que pode ter, recomendo conferir:

https://mdn.adv.br/sindrome-de-burnout-direitos-trabalhistas/

6 – Conclusão

Burnout não é apenas cansaço e não pode ser ignorado.

Se o seu trabalho levou você a um nível extremo de esgotamento, isso pode ser considerado um acidente de trabalho. Mas, como você viu ao longo deste conteúdo, esse reconhecimento não acontece automaticamente.

Para garantir seus direitos, você precisa agir.

Ter um diagnóstico médico, reunir provas da relação entre o burnout e o trabalho e entender os critérios exigidos pela lei são passos fundamentais para que você possa acessar os benefícios e proteções garantidos por lei.

Se você sente que o trabalho tem afetado sua saúde mental, não ignore os sinais.

Procure um médico, busque informações sobre seus direitos e, se necessário, conte com apoio jurídico para garantir que sua saúde venha antes de qualquer CNPJ.

Você não precisa passar por isso sozinho. Conhecer seus direitos é o primeiro passo para recuperar sua saúde, sua segurança e sua qualidade de vida.

📌 E para continuar te ajudando, separei estes conteúdos:

📽️ Também recomendo que você confira nossa Playlist no YouTube sobre Burnout!

🚀 Se precisar, é só falar comigo pelo WhatsApp! Abraço!

Allan Manoel

Allan Manoel

(OAB/CE 40.071)

Advogado Especialista em doenças e acidentes de trabalho. Não começa o dia sem um cafezinho filtrado. Ama tecnologia e séries.

(85) 9 9689-3820

Vídeos toda semana sobre seus direitos

Se inscreva agora em nosso canal no YouTube e fique sempre atualizado sobre os direitos de quem se machuca e adoce no trabalho.